Operação Brasil Central Seguro
Sob o comando do Dr. Fernando Gama, delegado chefe da 17ª Delegacia Regional, a Operação Brasil Central Seguro aconteceu também em Águas Lindas de Goiás na quinta-feira 07 de julho envolvendo 35 policiais civis, entre delegados, escrivães e agentes a operação saiu logo cedo para cumprir onze mandados de busca e apreensão, sendo que no curso das ações quatro elementos foram presos e três flagrantes por tráfico de drogas foram feitos, sendo um dos flagrados menor de idade.
Drogas ‘dinheiro proveniente do tráfico’, televisão de LED, notebook, celular, radinho com pendrive de procedência suspeita que possivelmente podem ter sido trocados por drogas’ e, ‘faca, tesoura, alicate de corte e prato utilizados para fracionar embalar drogas para a venda’, foram apreendidos em poder dos elementos presos.
De acordo com o Dr. Fernando Gama, o menor J.B.P.J de 17 anos, já havia sido apreendido por tráfico de drogas quando tinha apenas 15 anos, e que dessa vez, será feito apenas um BOC ‘Boletim de Ocorrência Circunstanciado’, e ele será entregue aos cuidados da mãe.
Cleiton Wellington da Costa, 27 anos, João Vitor Souza Moreira, 24 anos foram presos em flagrante por tráfico de drogas. Gilberto de Souza Sales, 34 anos, que é cadeirante por consequência de um disparo de arma de fogo por força de um mandado de prisão em aberto eFernando Cavalcante Andrade, 32 anos (Fernando Boi) que de acordo com delegado ainda tem pena a ser cumprida e encontrava-se em liberdade.
Quanto ao João Vitor, o Dr. Fernando Gama disse que em dezembro de 2015 ele foi preso em flagrante com quase trezentas pedras de crack, mas que ficou preso apenas quatro dias.
Vejam o que João Vitor contou para reportagem da TV CMN e Jornal CMN, tentando justificar a atuação dele no tráfico de drogas, vendendo pedras de crack:
P: _Você foi preso com quantas pedras de crack?
R: _Umas trinta só.
P: _Quando você caiu em dezembro, foram quantas pedras?
R: _Duzentas e “lavai porretada”, quase trezentas.
P: _Ficou preso quantos dias?
R: _Quatro dias.
P: _ Só quatro dias com quase trezentas pedras de crack, e você vende mesmo?
R: _Ocha! Não tava vendeno não – Comecei vender agora, por causa que eu tava precisano trabalha e procurei serviço e ninguém quis me dar emprego, aí eu não tinha outro recurso e eu não quero roubar e fui vender droga – Não tô tirano de ninguém – A pessoa que chega na minha porta, e chega lá e me entrega o dinheiro.
P: _Vende o que, crack?
R: _Crack! Não vendo outra coisa não, só crack.
P: _Por quanto está saindo uma pedrinha?
R: _Dez real.
P: _Aonde você está pegando essa droga?
R: _Lá na Ceilândia. Hoje quando eu tava pegano lá, tave uma operação, invadiram o barraco do cara lá com o BPTram , ROTAM e tal.
P: _Ele foi preso?
R: _Sei não. Acho que ele fugiu.
P: _Em dezembro quando você ficou preso quatro dias, você ficou aqui na cidade?
R: _Foi! Lá no cadeião ali embaixo.
P: _Então está respondendo?
R: _Tô! Tô assinando direitinho. Assino de dois em dois meses.
P: _Tinha mais de quinhentos reais, tudo proveniente dessa venda?
R: _Senhor, o negócio é o seguinte: O dinheiro que tava na minha carteira, cento, cento e doze cento e vinte, esse dinheiro não era de droga, era meu. O dinheiro da droga era o que tava dentro de uma lata, que devia ter uns trezentos, quatrocentos real.
P: _Esse movimento é só de um dia?
R: _Foi de ontem e antes de ontem. De uns dois dias, já que lá tá devagar, é que comecei lá agora, só tem um mês e pouco.
P: _Começou agora na Vila Esperança?
R: _É na vila Esperança.
P: _Então você começou na “boca” agora, mas quem é o seu patrão?
R: _É eu mesmo senhor. Não vendo nada pra ninguém não, vendo pra mim mesmo.
P: _Você tem uma mulher?
R: _Tenho uma mulher e duas filhas.
P: _Crianças?
R: _Crianças.
P: _Quanto anos você tem?
R: _Vinte e quatro anos.
P: _Quanto tempo você está no tráfico?
R: _Desde os treze anos, mas só fui preso agora.
P: _Sempre aqui ou em outro lugar?
R: _Lá em Minas.
P: _Em qual cidade?
R: _Montes Claros.
P: _Quantos anos tem suas filhas?
P: _Tenho uma de quatro e uma de 2 anos.
P: _O que você espera para elas no futuro?
R: _Eu quero o que é de melhor pra elas – Por isso que eu faço o que faço, que é pra não deixar faltar nada pra elas – Não deixar faltar o pão – Agora imagina sua filha acordar todo dia, “pai me dá uma biscoito, me dá um pão” _ Você não tá trabalhano, você não poder dá pra sua filha – Você não poder alimentar ela, isso corta o coração – melhor do que eu tirar de um pai de família que tá indo trabalhar, e pegar dos outros que leva lá na minha casa – Eu não tô pedino, eu não tô roubano – Ele que tá pegano e levano o dinheiro pra mim – Não tô tirano o que é dele – Se ele tá gastano é porque ele tá pedeno – Droga é luxo e só se droga que pode.
P: _Você quer que suas filhas siga o mesmo caminha que você está?
R: _Não! Jamais iria querer isso pra minhas filhas.
P: _Sua esposa participa do tráfico?
R: _Não, não. Eu assumo, só eu mesmo. Minha esposa não tem nada a ver, não.
P: _João Vitor, vou fazer uma pergunta como pai e avô que sou: Você não acha melhor dar para suas filhas a sua presença, porque elas agora vão sentir a sua falta?
R: _Sem resposta…
P: _Não ficamos alegres em fazer esse tipo de entrevista, gostaríamos de ver você trabalhando. O que acha disso?
R: _Eu presto serviço senhor – Ninguém quer dar serviço pra gente não, “o cara tem passagem, vai chegar e vai me roubar aqui” – Ninguém dá serviço não, mas eu sou profissional, tenho minha profissão na minha carteira de trabalho – Eu sou carpinteiro – Se me derem uma planta de um prédio assim, faço lá dos tubulão – Monto assim a estrutura do prédio o esqueleto, eu faço tudinho – Planta projeto, tudo eu entendo.
P: _A construção civil está empregando muita gente, não é mesmo?
R: _Passo e pergunto se pegano carpinteiro e eles só falam: Não! Não tá pegano não. O único recurso que eu achei foi esse, vender pedra pra mim não ter de roubar de ninguém.
Obrigado e boa sorte! Que você cumpra a sua pena e volte a ser inserido na sociedade.
OBS: As respostas foram transcritas da entrevista, da forma como foram respondidas.
COMENTÁRIO DO REPÓRTER:
Já ouvimos isso dezenas de vezes. Eles tentam justificar o injustificável, mas apenas explicam suas trajetórias no tráfico de drogas. Se está nessa vida desde os treze anos, é porque quando sai dela sente falta do dinheiro que chega até ele, sabe se lá, manchado até mesmo de sangue de uma vítima de roubo, que pode ter sido um pai de família que estava indo pro trabalho. As estatísticas não mentem, e o vício nas drogas é que leva um jovem a roubar e matar para conseguir dinheiro para sustenta-lo.
Carlos Leal, sem papas na língua.
Fotos: Gildemar Silva | TV CMN
Categoria: Policial
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